sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

PALAVRAS

No papel molhado,as letras diluíam-se,frases esborratadas
A caneta tinha vida própria,fluíam dela palavras sentidas
Olhos turvados pelas lágrimas que teimavam em cair
Que eliminavam as frases escritas com o seu sal e dor
Também não era importante o que escrevia,não era para ler
Era apenas a sua forma de suavizar o mal que o afligia
Perdido sentado a secretária,perdido dentro de si
Emoções em turbilhão,amores e ódios,desilusões nascidas da ilusão
E aquela caneta que teimava em não parar,amparada por uma mão sem vida própria
Escreveu,escreveu,até as lágrimas secarem no seu rosto,olhou para o papel com o olhar vazio
Tão vazio como o papel que tinha agora a sua vista,esborratado e molhado
Amarrotou-o e atirou-o para o caixote de lixo ali tão perto
Tal como a sua dor que se esvaziara naquele papel
Levantou-se da secretaria,fechou a porta e saiu para a rua
Para mais uma noite de ilusão,não podia viver sem sonhar
Mesmo que para tal viessem mais desilusões

J.C.

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